quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Para a História da Cova Gala (I) - As povoações piscatórias do litoral Português nos séculos XVIII e XIX.


Durante muitos séculos grande parte do litoral  português permaneceu esquecido e inabitado,  com excepção de alguns povoados piscatórios, primeiro de carácter  sazonal e depois permanente.

A fixação permanente ou sazonal, era contrariada pela falta de condições de habitabilidade da costa.
Onde não havia água potável, terrenos agricultáveis ou estradas, que permitissem retirar o sustento do solo ou comunicar facilmente com os núcleos agrícolas do interior, donde provinham algumas populações e muitas outras que se deslocavam de outras zonas do litoral centro-norte para sul, que se instalavam junto ao mar na época da safra, e que mais tarde acabariam também por se instalar definitivamente, maioritariamente oriundas das terras de Ílhavo.
Exemplo mais notório disso, foi a Cova de Lavos, que muitos gracejando, anos mais tarde apelidavam também de "Cidade da Estaca", situada a sul da foz do mondego, como documenta a fotografia. 
Uma das povoações com o maior número de habitantes, no  século XIX, originários de Ílhavo, começaram a construir os seus primeiros palheiros ainda na segunda metade do século XVIII.
A escassez de materiais de construção, como a pedra e o adobe, bem como a dificuldade em transportá-los por caminhos trilhados na areia, o carácter de nos primeiros anos ser temporária a estadia e a instabilidade própria do solo, determinaram o tipo de habitações edificadas pelos pescadores para lhes servir de albergue durante a temporada da pesca. 
As povoações de palheiros, nasceram fruto da adaptação e do engenho do homem às especificidades do meio, sendo constituídas por casas de madeira e telhados de colmo assentes em estacas enterradas na areia ou directamente no chão. 
As estacas podiam atingir a altura de um homem ou mais, para permitir a passagem das areias e impedir que as construções ficassem rapidamente soterradas. 
Erigidos geralmente no alto da duna, que acompanhava a orla da praia, na vertente protegida do vento, os palheiros.
Os palheiros foram durante muito tempo a única espécie de casa  das povoações do litoral.
"Como geralmente em todas as povoações costeiras, ter casa própria, na Cova de Lavos, é uma aspiração suprema e quasi sempre realisada, ou ella seja modesta e custe vinte libras, ou vasta e folgada e vá até ás cem.
Depois ha os reparos e a substituição frequente das estacas, e, se a prosperidade ajuda, tingem-se de cal. 


Dentro o aceio, de que a bilha de agua sempre coberta com um panno de linho é um traço já proverbial nas immediações, interiormente, manifesta-se no aspecto de soalhos e paredes e na disposição dos moveis exclusão dos petrechos de pesca menos limpos.
Para estes destinam-se barcos já inuteis, como em Buarcos; e por fim, como subsidio providente a uma industria de naturesa essencialmente aleatoria, o pescador da Cova cultiva terrenos areentos que aluga ou de que se apossa e d'onde obtem alguns legumes, cereal, teberculo e vinha mesmo.
Ora o aspecto desta povoação, com o solo incessantemente revolto, mas installada como n'uma depressão dá a imagem, talvez approximada, d'uma aldeia lacustre..."

Foto -Palheiros da Cova de Lavos, a sul da foz do Mondego no século XIX
Rocha Peixoto, “Habitação. Os palheiros do litoral”

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O Mar...da Cova.

O Mar...da Cova.
Praia da cova...teu mar é imenso,tem muitas estórias para contar.Quando era criança quis alcançar o teu fim...nos meus pensamentos.O teu horizonte era a minha amante longínqua...As dunas a cama aonde um dia me iria deitar contigo...

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Um chama-se ontem,e o outro amanhã.
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Ponte dos Arcos...na Gala

Ponte dos Arcos...na Gala
Velha Ponte dos Arcos...Ponte da minha infãncia.Tua vida chegou ao fim...mas a tua imagem ficará sempre em mim.Olhas o rio,como quem olha o espelho da vida.Já viste alguém nascer...quem sabe!Não evitas-te que junto a ti alguém morresse.

Praia da Cova...

Praia da Cova...
O perfume do teu mar...é o presente,foi o passado e será o futuro da minha existência...