No tempo dos tamancos e pés descalços, na areia branca escaldante de um verão antigo. Casas de madeira construídas sobre estacas, espalhadas pelo areal da terra península.
Ruas que ainda não existiam, mas todos se conheciam. Lutas, brigas de desespero por falta de pão...Pele queimada pelo sol do sofrimento e resistência de querer sobreviver...Pais e filhos adultos prematuros, na frente da vida, prontos para o mar...
Tarde de domingo junto à praia, onde muitos se encontravam, ao lado do casario. Barcos em terra, encostados às dunas esperavam.
Alguns homens sentados na areia, falavam e remendavam redes espalhadas pela praia quase deserta. Caminhos não haviam, inventavam-se todos os dias...
Todos sabiam quem partira e quando chegara. Figueira já cidade, ali tão perto na outra margem espreitava, imagem que encantava e fazia falar o povo.
A sul, na Cova de Lavos terra dos meus ancestrais, a vida continuou como sempre, junto ao mar. Até chegarmos aqui, depois de uma caminhada de séculos, no tempo de tantas vidas...
Abraço a esse mundo invisível e a todas essas vidas, que um dia por estas areias brancas passaram...
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