A coordenadora regional de saúde mental do Alentejo e assessora para a saúde mental da DGS Ana Matos Pires, realça importância
de manter as rotinas e evitar o isolamento social.
A saúde mental dos portugueses vai sair com graves mazelas provocadas pela pandemia do novo coronavírus e devido ao isolamento que lhes tem sido imposto pelo estado de emergência.
Numa situação "tão inesperada, tão estranha" como esta, que afeta "todas as áreas" da vida das pessoas, "é um grande potenciador da perturbação do funcionamento mental". Num país que já tem um particular problema com doenças mentais e excesso de toma de ansiolíticos, como Portugal, o caso ainda mais grave se torna.
"Vamos seguramente sair muito pior do que estávamos. Se já partíamos de um patamar menos bom, há preocupações acrescidas. Temos de pensar no momento imediato, nas reações agudas a uma mudança absoluta da nossa vida.
Depois, daqui a uns meses, as consequências do que prevejo ser um panorama social muito negro. Estou preocupada e acho que vamos sair muito mal desta situação, por isso mesmo a resposta da saúde mental no Sistema Nacional de Saúde já se está a fazer e tem de fazer-se de forma muito objetiva e assertiva", refere.
Ana Matos Pires alerta que "isolamento físico não é sinónimo de isolamento social", pelo que as pessoas devem "usar todos os meios possíveis" para se manterem em contacto. As consequências psiquiátricas do isolamento já começam a fazer-se sentir: "Não temos números, mas sobretudo o que na gíria conhecemos como perturbações psiquiátricas mais comuns, nomeadamente ansiedade e reações depressivas, começam a surgir de forma expectável."Fonte: Rádio Renascença
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