Este novo livro de Filipa Melo é uma tentativa de exortar a atenção para o universo de alguns portugueses cuja principal fonte de sustento ainda é a navegação no mar.
Para a maioria, a ligação à marinha marcante (marinha de pesca ou marinha de comércio) é uma herança familiar, vinda das duas gerações anteriores ou de tempos imemoriais. Na dura solidão dos bacalhoeiros ou no relativo conforto de modelos mais ou menos recentes de navios de pesca ou de carga, o respeito pelo mar perpetua as suas regras. Apesar de toda a maquinaria, a profissão de marinheiro mantém algo de intrépido e aventureiro.
Escolhido o tema - os últimos marinheiros portugueses -, retomou aquele primeiro contacto com a marinha mercante, actualizou os dados dos intervenientes, reencontrou-se com alguns deles, e embarcou a bordo do navio de pesca de arrasto Neptuno, ao largo da Figueira da Foz, em Março de 2015
Embarcada com os marinheiros, dia após dia, partilhando com eles a rotina quotidiana, apercebeu-se que têm um grande orgulho pelo mar, mas também muito respeito. É a sua casa, uma casa flutuante. Têm outro tipo de contemplação sobre as coisas, uma percepção diferente.
O mar é muito mais do que dinheiro e economia, observou, apelando para a urgência de se passar a ver o mar com outra pespectiva, sob o risco de acabarmos por assistir à extinção dos marítimos portugueses.
A jornalista insta para a necessidade de serem revistas as políticas estatais. Esta é uma realidade que, segundo crê a autora, ainda é reversível.
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