O dia 28 de fevereiro de 1854, há exactos 160 anos atrás, amanheceu ensolarado no Rio de Janeiro.
Era Carnaval, ou melhor : o Entrudo, que era como se chamava o carnaval naquela época. Tradição portuguesa trazida para o Brasil nos séculos 17 e 18.
A Corte Imperial e as famílias abastadas preparavam-se para as brincadeiras de batalhas de flores, de limões de cheiro, que caracterizavam a delicadeza deste Entrudo familiar. Mas havia o Entrudo Popular com as batalhas com clisteres, cheios de outros líquidos, até mesmo sêmem ou urina - e muitas vezes com urina, e muita farinha do reino, e demais pós, para serem atirados sobre as pessoas nas ruas.
Mas aquele dia amanheceu diferente.
Quando caiu a tarde os cortesãos e o povo preparavam-se nos seus lares para ir às ruas assistir pela primeira vez ao desfile de carros alegóricos no Carnaval.
Quando caiu a tarde os cortesãos e o povo preparavam-se nos seus lares para ir às ruas assistir pela primeira vez ao desfile de carros alegóricos no Carnaval.
Esse desfile substituiu a partir daí a violência do Entrudo.
A Corte já sob Pedro II civilizava-se cada vez mais.
Um “lampejo de civilização” foi arquitectado para botar ordem (e classe) na festa de momo carioca. Coisa que as autoridades vinham tentando desde 1830.
A inspiração vinha dos carnavais parisiense e veneziano: fantasias, máscaras, cortejos. A bagunça virou desfile. E, pela primeira vez, em 28 de fevereiro de 1854, carros alegóricos ganharam as ruas – movidos a tracção animal, é bom que se esclareça. Famílias inteiras apinhavam-se em carruagens enfeitadas, lançando flores pelas janelas. Cavalos adornados marcavam o passo, conduzidos por distintos foliões.
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