Vivemos numa época em que as contradições são o denominador comum das nossas vidas. Os avanços tecnológicos nunca foram tão notórios como os que sucedem hoje em dia. Nas ciências exactas, nas ciências sociais, no fundo em todo o saber, verificam-se avanços a todos os minutos. Contudo, a generalidade dos seres humanos anda infeliz, desapontada e desmotivada.
Com efeito, o que é que traz felicidade ao ser humano. O pós segunda guerra mundial, trouxe à generalidade dos povos mais bem estar material. Para isso contribuiu de forma inquestionável, o advento das economias de mercado nos países desenvolvidos do ocidente, liderados pelos Estados Unidos da América.
Criou-se, contudo, a ideia que as soluções económicas conduziriam o ser humano para níveis de felicidade mais altos e aceites por todos. O que a actual crise financeira e económica veio demonstrar, entre outras coisas, não obstante o desenvolvimento económico realizado, que a economia não pode ser um fim, deve, isso sim, ser um instrumento ao serviço das pessoas.
Com isto não estou a defender que, o mérito e o esforço, não devam ser recompensados. Não devem, no entanto, estar no livre arbítrio de alguns. Porque se as sociedades politicamente organizadas em Estados, deixarem as decisões, sem regulamentação, só com a observação das leis do mercado, naqueles que detêm o poder económico, há o perigo de construirmos um mundo cada vez mais assimétrico. Aqueles que terão menos oportunidades serão em maior número. Os factos estão aí à vista de todos.
(em"José Policarpo - Paradoxos insuportáveis".12-05-10)
O CÚMULO DA PERVERSIDADE SEM RÉDEAS
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