Ainda me lembro, o velho rádio que estava constantemente ligado na cozinha, logo de manhã o meu avô colava-se a ele e dizia:-Vamos lá ver se isto não dá para o torto, é preciso ter cuidado com esses filhos da mãe da pide, que estão em todo o lado, nem no vizinho nos podemos confiar.
Ouviam-se marchas militares dos MFA, interrompidas de vez em quando para actualização das noticias.
Recomendava-se à população que se mantivesse calma e ficasse em casa...até que a situação ficasse mais definida.
O "Alcanena" o leiteiro da terra como era conhecido, tinha chegado um pouco mais cedo.
Estava mais excitado do que o costume, reclamava justiça e que matassem esses ladrões que nos roubaram tudo...a fábrica da resina (entenda-se a terpex) era um dos seus temas preferidos, foi sempre contra a sua instalação, por detrás da sua casa, e com razão reclamava e não era o único.
Eram quase oito e meia da manhã tinha que apanhar a "Farreca", que partia da Cova, ali mesmo em frente á loja do Francisco.
Junto á porta da taberna na Cova, já se comentava, que o Marcelo Caetano, se tinha rendido icondicionalmente.
A "Farreca" partiu com algum atrazo, pois o motorista, também estava na taberna a comemorar o acontecimento...
Finalmente partimos, mais tarde ao atravessar a ponte dos arcos, olhava o rio, que vazava e rumava ao mar, parecendo também, respirar liberdade...
Junto á porta da taberna na Cova, já se comentava, que o Marcelo Caetano, se tinha rendido icondicionalmente.
A "Farreca" partiu com algum atrazo, pois o motorista, também estava na taberna a comemorar o acontecimento...
Finalmente partimos, mais tarde ao atravessar a ponte dos arcos, olhava o rio, que vazava e rumava ao mar, parecendo também, respirar liberdade...
Na Figueira, tive oportunidade de confirmar e presenciar a alegria das pessoas, que se juntavam em vários grupos.
A noticia já estava estampada, na primeira página do jornal "O Primeiro de Janeiro", que estava exposto entre outros no quiosque na Praça Nova, vários curiosos tentavam ler as primeiras páginas dos jornais, e emitiam opiniões nem sempre concordantes.
Cheirava a algo diferente naquele dia, havia grande alvoroço na cidade, as pessoas falavam mais e com mais alegria, preferentemente acerca de temas antes proibidos.
Segui o meu caminho, passando em frente ao café "O Caçador", em direcção á escola Industrial e Comercial onde frequentava o quinto ano.
Na parte da frente da escola todos falavam,todos já sabiam um pouco o que tinha acontecido, a minha turma também participava da euforia que se vivia, o Gil de Buarcos veio ter comigo e disse-me:
- É João não há aulas de desenho, o Charrua, (que era o professor) disse que não tinha condições para dar aulas derivado aos acontecimentos.
A malta da turma decidiu ir ter com o Charrua, e falar sobre o que estava acontecer, todos sabiamos que ele gostava de falar de política, mas desta vez fechou-se em copas, e disse simplesmente:
- A Situação ainda não está esclarecida rapazes, há que aguardar pela evolução das coisas.
Vagueamos todo o dia pela cidade, passando pelo mercado, até chegarmos ao "curral"(termo que utilizávamos para falar do picadeiro e mais propriamento do café Nicola, onde nos costumávamos encontrar).
Toda a gente, em qualquer lugar da cidade falavam do mesmo, era a "Revolução dos Cravos ", o 25 de Abril tinha chegado, depois de uma ditadura tão longa e nefasta para o País, em quase todos os aspectos.
- Viva a Revolução gritáva-se lá fora...
- Viva gritávamos nós.
No ano seguinte de escolaridade 74/75,foi introduzido pela primeira vez uma disciplina no curso que se intitulava, "Introdução à Política".
Respiravam-se outros ares de liberdade...
A noticia já estava estampada, na primeira página do jornal "O Primeiro de Janeiro", que estava exposto entre outros no quiosque na Praça Nova, vários curiosos tentavam ler as primeiras páginas dos jornais, e emitiam opiniões nem sempre concordantes.
Cheirava a algo diferente naquele dia, havia grande alvoroço na cidade, as pessoas falavam mais e com mais alegria, preferentemente acerca de temas antes proibidos.
Segui o meu caminho, passando em frente ao café "O Caçador", em direcção á escola Industrial e Comercial onde frequentava o quinto ano.
Na parte da frente da escola todos falavam,todos já sabiam um pouco o que tinha acontecido, a minha turma também participava da euforia que se vivia, o Gil de Buarcos veio ter comigo e disse-me:
- É João não há aulas de desenho, o Charrua, (que era o professor) disse que não tinha condições para dar aulas derivado aos acontecimentos.
A malta da turma decidiu ir ter com o Charrua, e falar sobre o que estava acontecer, todos sabiamos que ele gostava de falar de política, mas desta vez fechou-se em copas, e disse simplesmente:
- A Situação ainda não está esclarecida rapazes, há que aguardar pela evolução das coisas.
Vagueamos todo o dia pela cidade, passando pelo mercado, até chegarmos ao "curral"(termo que utilizávamos para falar do picadeiro e mais propriamento do café Nicola, onde nos costumávamos encontrar).
Toda a gente, em qualquer lugar da cidade falavam do mesmo, era a "Revolução dos Cravos ", o 25 de Abril tinha chegado, depois de uma ditadura tão longa e nefasta para o País, em quase todos os aspectos.
- Viva a Revolução gritáva-se lá fora...
- Viva gritávamos nós.
No ano seguinte de escolaridade 74/75,foi introduzido pela primeira vez uma disciplina no curso que se intitulava, "Introdução à Política".
Respiravam-se outros ares de liberdade...
Portugal encetava uma nova era de esperança...passados 48 anos, os ideais de Abril onde estão? Até aonde chegaram?
Ficou quiça um pouco de esperança, amarrada ao cais de partida e a mesma luta por um ideal, talvez uma quimera.
Ficou quiça um pouco de esperança, amarrada ao cais de partida e a mesma luta por um ideal, talvez uma quimera.
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