Ela vive no Rio de Janeiro, ele em São Paulo. Não se conhecem, mas partilham um sentimento: Pouca vontade de trabalhar num país que oferece condições precárias aos jovens. Estão a falar, logicamente, de Portugal.Rita Miranda nasceu na Figueira da Foz há 27 anos, frequentou o Ensino Superior em Lisboa, de onde partiu há três anos e meio para o Rio de Janeiro, para exercer como designer gráfica. Caetano Nascimento nasceu no Rio de Janeiro há 31 anos, cresceu no norte de Portugal, em Chaves, e voltou para o Brasil há quatro anos e meio, onde é piloto de aviões em São Paulo.
Ambos encontraram no Brasil condições profissionais que não encontrariam em Portugal.A jovem designer nem chegou a procurar emprego no país. Antes de se fixar no Brasil, tinha feito um estágio de quatro meses na China, “experiência que aumentou a minha vontade de conhecer novos horizontes e alargar os meus conhecimentos fora do meu país, fora da zona de conforto”. Contactou vários amigos espalhados pelo mundo, também portugueses e da mesma área profissional, enviou currículos para os escritórios que lhe foram sugerindo, “e a primeira resposta positiva veio do Rio de Janeiro, onde cheguei menos de um mês depois”, recorda.
Caetano considera-se uma mistura de português com brasileiro, por “ter sido educado e crescido em Portugal, uma sociedade diferente da brasileira, mas sem nunca perder contacto com a família e cultura do Brasil”, o que ajudou à adaptação no regresso. Tal como Rita, também fez Erasmus, mas em Itália. Viveu ainda um ano nos Estados Unidos, onde tirou o curso de piloto.Da nova realidade, lamenta “as piadas constantes que os brasileiros fazem sobre portugueses” e nota a ausência de vários aspetos que deixou para trás: “Tenho saudades da família, dos amigos, da cidade de Chaves, de ir ver jogos do Desportivo de Chaves e da gastronomia portuguesa, que é a melhor do mundo”, classifica.Mas pesados os prós e os contras, sente-se “feliz no Brasil, e sem intenções de voltar a Portugal”, onde há “falta de oportunidades para pilotos recém-formados”. Confortável com as malas às costas, tem “curiosidade por viver noutros países”.
Caetano e Rita nunca se viram, mas mostram à Revista PORT.COM uma visão partilhada por vários jovens emigrantes, no Brasil ou noutra comunidade: “Saudades sim, voltar ainda não”.
Fonte:Port.com
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