Eu sou uma velha âncora esquecida...
Um velho almirantado
Numa sucata de ilha,abandonada,
Vestido de ferrugem,
Trago ainda,nos braços,a salsugem
Dos mares mais longínquos deste mundo,
E já sondei o mundo profundo
D'alma azul do oceano...
Muita vez,conduzida a todo o pano,
Beijei-lhe a face líquida enrugada
E,suspensa e oscilante
Fui lágrima de ferro pendurada
Nos olhos de escovéns de um brigue errante
Onde estará o meu barco? Onde? Em que porto...
Adormeceu para esquecer a vida?
Tudo rolou para um passado morto...
E eu sou uma velha âncora esquecida.
(Nelson Araújo Lima,1969 - em"Quando os Lírios Fenecem")
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