Quem és tu que nos chamas-te até aqui!
Quem somos nós! Porque viemos de tão longe...Veleiro que me trouxeste e me abandonas diariamente à minha solidão.
Com o meu bote e as minhas linhas de pesca.
Sózinho rodeado pelo mar e o céu...horas, dias, meses, tristeza imensa da minha alma.
Onde estais camaradas amigos, que não vos vejo!
Vontade de chorar, sem força para mais...
Lágrimas de coragem de um dia de boa pesca.
Bote cheio de bacalhau, remo, finalmente volto ao meu veleiro.
Descarregar, escalar, salgar, pouco tempo para descansar e depois recomeçar...
Que vida esta meu pai minha mãe, tão longe de vós, do meu lugar e de minha amada.
Navegando e pescando nestas águas frias destes mares.
Pescadores, moços e verdes, todos exautos...
Águas frias que tantos tragaram e suas vidas levaram.
Tantos que por aqui ficaram, nunca mais voltaram...
Penso sempre em ti, minha família, minha terra.
Ai saudade, saudade que dói tanto no fundo do meu peito.
Grito meu que não fala e ninguém pode ouvir.
Não vejo a hora de regressar e vos abraçar...
(João Fidalgo Pimentel - Extracto do escrito "Primeira viagem ao bacalhau")
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